Marcação na Curva e Marcação a Mercado (MaM)
A renda fixa não é fixa. Para um investidor iniciante, essa informação pode ser surpreendente já que temos a tendência de associar renda fixa a entabilidade enquanto renda variável nos remete grandes altas e quedas no valor dos ativos.
O "fixa" de renda fixa se deve ao fato de já sabermos no momento da aquisição do ativo a qual indexador o ganho estará atrelado. Por exemplo, uma LFT (Tesouro Selic) tem seu rendimento atrelado à variação da SELIC, ao passo que uma debenture pode ter rendimento atrelado ao IPCA (inflação) somado a uma taxa pré-acordada.
Logo, se o detentor de um título carregá-lo até seu vencimento, terá o rendimento contratado de acordo com indexador. Entretanto, isso não necessariamente reflete o valor real do ativo durante esse período.
Por exemplo, analisando a curva de preço a mercado no gráfico abaixo, você diria que se trata de um ativo de renda fixa ou renda variável?
(Fonte: Tesouro Direto)
Esse é o gráfico de uma LTN (Tesouro Pré-fixado), um ativo de renda fixa. Essa variação se deve ao fato de que os players do mercado reavaliam os ativos diariamente de acordo com novas informações como cenário econômico, expectativa de juros curtos e longos, qualidade do crédito do emissor da dívida e etc.
Note também como a curva do gráfico correspondente ao preço a mercado (vermelho) e o preço na curva (azul) convergem. Isso acontece porque, independente da variação da taxa do título no mercado ao longo do tempo, quanto mais próximo da data de vencimento, o preço de mercado e o preço na curva convergem para o mesmo valor. E, caso o investidor fique com o título até sua data de vencimento, a rentabilidade será exatamente a pactuada no momento da compra.
E é nesse contexto que temos duas formas tradicionais de precificar o ativo: a Marcação na curva e a Marcação a Mercardo (MaM).
O que é marcação a mercado?
A marcação a mercado é um dos conceitos da matemática financeira que consiste em atualizar o preço de um ativo de renda fixa ou uma cota de fundo de investimento.
Ela é de curta duração – geralmente diária –, baseando-se na flutuação de oferta e demanda dos ativos, bem como no comportamento dos mercados primários e secundários.
Em resumo, a marcação a mercado informa quanto um determinado título valeria se fosse vendido ou comprado naquele instante. No caso do investidor que tem uma carteira com prazo definido e que pretende cumprir com esse prazo, essas alterações pouco importam.
Isso porque é a rentabilidade prometida no dia da contratação que conta. A marcação a mercado só vai fazer diferença se você quiser vender determinado título de forma antecipada, ou comprar novas cotas, por exemplo.
A marcação a mercado informa quanto um determinado título valeria se fosse vendido ou comprado naquele instante.
Como é feita a marcação a mercado?
Todos os dias, os preços dos ativos ou cotas da carteira de renda fixa ou fundos de investimentos são atualizados conforme a oferta e a demanda do book e o comportamento do mercado secundário.
Assim, quem tem investimento em um desses produtos, pode ver variar o valor investido. Ele representa a valorização ou desvalorização do investimento, e vale para quem desejar liquidar o título naquele dia.
Dessa forma, equilibram os valores dos títulos liquidados antecipadamente com os que estão sendo vendidos naquele momento.
O que é marcação pela curva do papel?
A marcação pela curva do papel é o conceito oposto da marcação a mercado. Neste caso, o valor do seu ativo não varia de acordo com o preço atualizado no dia. O preço na curva utiliza uma regra que calcula o preço pelo qual você pagou o título multiplicado por 1+ os juros elevados no período, ou seja, basicamente o valor de compra é corrigindo dia a dia pela taxa acordada até o vencimento
No entanto, neste modelo de marcação, o preço do título em determinado momento pode não representar o seu valor real.
Assim, investidores que resgatam de forma antecipada seus títulos podem acabar gerando prejuízo para os que ficarem até o final do contrato, pois o gestor precisará vender os títulos a qualquer preço.
Por suas desvantagens, e por permitir transferência de riqueza entre cotistas, em 2002, o Banco Central decidiu que a marcação a mercado deveria ser a forma de marcação adotada, deixando de lado a marcação pela curva do papel.
Este modelo de marcação só pode ser utilizado caso a entidade comprove, junto ao órgão regulador, sua capacidade de manter o título até o seu vencimento.
A marcação pela curva corrige o valor de seu título dia a dia pela taxa acordada até o vencimento.
Quais são as vantagens e desvantagens da marcação a mercado?
A marcação a mercado é utilizada como padrão para atualização dos papéis desde 2002, conforme definido pelo Banco Central do Brasil. Isso porque ela equilibra a rentabilidade entre os cotistas, garantindo transparência e confiabilidade ao mercado.
Para conhecer outras vantagens e também as desvantagens deste tipo de marcação, veja abaixo:
Vantagens
- É justa, já que garante a cotistas de um mesmo fundo, por exemplo, que todos tenham lucros ou prejuízos proporcionalmente iguais;
- Oferece transparência e traz confiança ao mercado;
- Evita a transferência de riquezas;
- Não distorce o valor de mercado dos títulos, pois leva em conta a volatilidade das taxas de juros;
- Evita que a carteira fique com valor defasado, já que atualiza conforme o valor real diário.
Desvantagens
- Não existem muitas desvantagens neste modelo de marcação, mas a verdade é que ela só funciona se o mercado também estiver eficiente.
- E outro ponto que pode ser negativo é que, caso haja oscilação negativa, o investidor se assusta, já que pode ver o dinheiro “diminuir” na carteira.
Por isso é tão importante entender o que é a marcação a mercado e como ela influencia no investimento para saber interpretar essas movimentações em sua conta.
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